"Sempre me senti atraída por cowboys e estrelas de rock"
Vamos diretos ao assunto ou, pelo menos, a um dos temas que, discreta ou avidamente, nos motiva diante de uma história de vida que se adivinha cheia e animada. Cito: "Ainda que eu tenha desejado o óbvio nas minhas relações - equilíbrio, partilha, carinho e fidelidade -, a dura realidade é que essas características, essas virtudes não conseguiam exercer sobre mim grande capacidade de sedução. Sempre me senti mais atraída por cowboys e estrelas rock, artistas e homens selvagens, homens de que é impossível depender e em que é disparatado confiar. Tipos que me deixam pendurada de um telefone e longe do género susceptível de me proporcionarem qualquer espécie de descontração". Confessional, direta, em tangente à autoflagelação, Anjelica Huston (nascida a 8 de Julho de 1951, em Santa Monica, Califórnia) acabou de descrever, em resumo rigoroso, o mais conturbado dos seus amores, intermitentemente ativo e desligado durante mais de década e meia: Jack Nicholson.
Esta passagem de Watch Me: A Memoir, segundo andamento das memórias da filha de John Huston (depois de A Story Lately Told, virado aos anos de infância), não estabelece o paradigma. Judi Dench (nascida a 9 de Dezembro de 1934, em York, Inglaterra) aproveita bem o facto de Judi: Behind The Scenes ser uma fotobiografia para se poupar a qualquer hipótese de revelação mais controversa. Ainda assim, não esconde a importância decisiva do seu marido de quase 40 anos, a quem se refere sempre como "Michael", dispensando o apelido (Williams) de um homem que começou por ser seu cúmplice e parceiro de palco e, depois, se tornou no seu único marido, pai de uma única filha.